A diretoria abusou do direito de errar na Sociedade Esportiva do Gama. Em 2005, Maia salvou a equipe do rebaixamento certo. Em 2006 Vanderlei nos fez sonhar mais alto. Em 2007 Val Baiano e Bebeto decidiram na última rodada a permanência do Gama na série B. Os sinais eram evidentes de que algo estava errado na administração do futebol do Gama, mas a sorte sempre esteve ao nosso lado.
Mas em 2008, a sorte acabou. Jogando no Mané Garrincha para um bom número de torcedores alviverdes a expectativa era de que ali começaria a reação que permitiria ao Gama escapar do rebaixamento mais uma vez. Mas como está sendo de costume a torcida teve de assistir à 17ª derrota do Gama no campeonato.
No início o periquito jogou de igual para igual com o Avaí. Thiaguinho e Michel armaram boas jogadas para os atacantes, porém o Avaí que tem a segunda melhor defesa do campeonato não dava espaços aos atacantes alviverdes.
Uma coisa podia ser notada no semblantes dos atletas. Os jogadores do Avaí jogavam com segurança, tranquilidade. A zaga composta por André Turatto e Emerson davam liberdade para os demais jogadores avaianos criarem as jogadas. O lateral Jef Silva foi destaque do jogo tanto pelo seu visual à la Davids quanto pelo futebol ofensivo.
Do lado do Gama o semblante dos jogadores era puro nervosismo e intranquilidade. Cientes da situação do time o medo estava estampado na face dos atletas alviverdes. O medo de perder, de ousar, de assumir a responsabilidade fez com que o Gama jogasse um futebol burocrático. Mas mesmo assim o Gama perdeu boas chances de marcar perdidas pelo atacante Maia.
Logo aos vinte minutos um choque envolvendo o zagueiro Emerson ex-Gama e o meia Thiaguinho parou a partida. Pior para o zagueiro que teve de ser substituído.
O Avaí quando chegava era perigoso. Em um lance isolado Jef Silva pegou uma sobra de bola e passou como uma bala pelos zagueiros ficando cara-a-cara com André Zandoná. O jogador chutou firme e André fez um a defesa milagrosa. Mas o primeiro tempo terminou empatado sem gols.
No segundo tempo o castelo de areia do Gama começou a ruir. Como o Gama pouco ameaçou o Avaí veio para decidir a partida. Em um ataque no início do segundo tempo o meia Marquinhos fez o pivô na grande área e tocou para trás. Arlindo Maracanã chutou, a bola desviou na zaga e entrou. Era o primeiro dos catarinenses.
O técnico-preparador físico Jean Cláudio resolveu mudar. Tirou Edylton para a entrada de Landu colocando a equipe com três atacantes. Porém o time ficou aberto demais e o Avaí se aproveitou.
O segundo gol foi o retrato do nervosismo que dominou o time. André Zandoná cobrou o tiro de meta perto da grande área para Thiaguinho. O meia foi acossado por dois jogadores do Avaí. Thiaguinho ao invés de tocar resolveu driblar no sentido do gol gamense, perdeu a bola e caiu pedindo falta. O árbitro mandou seguir e Abuda chutou dentro da grande área. A exemplo do primeiro gol a bola resvalou na zaga e entrou. 2x0 Avaí.
Jean então partiu para o tudo ou nada. Tirou Aelson e Bebeto para a entrada de Edimar e Alisson. O que se viu a seguir foi um time desesperado atacando desordenadamente e perdendo dezenas de chances de marcar. A torcida perdeu a paciência também e muitos começaram a deixar o estádio. A outra parte foi para a saída do vestiário para protestar.
E no final do jogo veio o golpe de misericórdia. E em um lance infantil André Zandoná abandonou a área para tocar ao lateral porém errou o passe e a bola foi parar nos pés de Odair que chutou por cobertura fazendo um golaço. Após o gol, o juiz com pena do Gama pôs fim à partida.
A saída do time foi melancólica. Aos gritos de "time pipoqueiro!", "Ei, Jean, VTNC!" e outros nomes impublicáveis em fila e em silêncio a equipe deixava o campo de jogo com mais uma derrota.
Com a derrota o Gama caiu para a vice-lanterna e somente um milagre salvará o alviverde da terceira divisão.
O Alviverde do planalto continua seu calvário agora jogando fora de seus domínios contra o Juventude no estádio Alfredo Jaconi em outra sexta-feira às 20:30.

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