Mais um capítulo da triste crise no Gama foi divulgado hoje em matéria veiculada no jornal Correio Braziliense. Nele o técnico Gérson explica o motivo de sua saída devido a diferenças com o goleiro Alencar, o mais experiente e antigo do grupo e que tem o maior salário. Segundo Gérson, o goleiro estaria fazendo a cabeça dos jogadores mais novos contra as atitudes do ex-comandante.
Depois do jogo contra o Brasiliense, segundo jogadores o técnico teria mudado sua postura no relacionamento com o grupo: "Ele mudou a postura. Passou a se achar o melhor" disse uma testemunha que não quis se identificar.
No entanto Alencar disse à reportagem do Correio que na verdade os jogadores vieram até ele para buscar uma solução à crise. Em reunião com a comissão técnica no meio da semana, foi cobrada uma solução tendo Alencar como porta-voz do grupo. Depois disso o Diretor de Futebol Flávio Raupp passou a fazer reuniões com determinados jogadores sem a presença dos mais rodados: "Porém, depois disso, o Flávio começou a se reunir com grupinhos de jogadores para querer me desestabilizar. Mas sempre fui um líder, e sempre que há um problema, o grupo me procura, e o represento perante a comissão ou a diretoria. Faz parte do meu perfil e isso também acontece porque estou no Gama há muito tempo" disse Alencar.
O goleiro disse que apesar da mudança no comportamento do xerifão, não tinha nada contra ele. Mas que com Flávio Raupp não trabalharia mais: "Nenhum grupo vai bem com um cara que quer rachar o elenco. Era o homem de confiança do Paulo e fez isso por trás dele. Por isso, a situação ficou insustentável. Contra o Gérson, não tenho nada. Ele me colocou como capitão e tudo mais."
O presidente Paulo Goyaz explicou a demissão de Flávio Raupp sem dar muitos detalhes: "O Flávio Raupp tem um defeito grave, que se chama criar teoria da conspiração. E comigo não existe isso de apontar culpados. Fiz uma reunião com todo o elenco e os 33 jogadores estavam insatisfeitos com o Gérson. Não foi uma coisa de grupinho nem nada. Trabalho há muito tempo com gente e sei quando é coisa de grupo ou não". Goyaz ainda teria pedido para Gérson ficar mas este não aceitou: "Soube que o Flávio havia organizado uma reunião com apenas parte do elenco. Sou contra, reclamei, ele não gostou, então dei as contas dele. O Gérson saiu em solidariedade. Não tenho nada contra o Gérson, tanto que o convidei para ser técnico dos aspirantes, e ele ficou de pensar".
Gérson por sua vez evitou polêmica e confirmou que saiu devido à demissão de Flávio, seu parceiro no projeto de remontagem da base do Gama: "Fiquei sabendo que o Flávio Raupp tinha sido demitido ou havia pedido demissão, e procurei o Paulo Goyaz. Como a decisão foi irreversível, pedi demissão. Não sei exatamente o motivo do problema entre eles. Mas sem o Flávio, eu não continuaria aqui. Acabaria todo o ambiente no dia a dia" disse Gérson.
Gérson também fez questão de isentar o volante Iron da confusão: "O Iron com certeza não me dava problemas. É um cara sensacional. Foi quase que um auxiliar técnico para mim no Ceilandense. Não seria agora que as coisas iriam mudar. Teve uma boataria, mas já conversamos."

RAUPP SE DEFENDE
O ex-Diretor de Futebol do Gama ficou sabendo do teor das declarações no jornal. Raupp promete explicar em detalhes o que realmente aconteceu na semana que culminou com sua demissão e a de Gérson. Para o jornal este declarou que o verdadeiro motivo de sua saída foi a mudança de planos com relação à remontagem da base da equipe: "Quando fui convidado para retornar, havia um projeto de valorizar quem gosta do Gama. Hoje, apenas dois jogadores (Rael e Pirajú) não têm seus direitos econômicos presos ao clube. Mas houve um probleminha e já mudaram. Preferiram deixar de lado a ideia inicial do projeto. Por isso, resolvi sair."