A equipe de reportagem do site Clube do Esporte fez uma entrevista com o ex-técnico do Gama Pedrinho Rocha e atualmente sem clube. O treinador fez duras críticas à atual adminitração do alviverde e o ocorrido serve para ilustrar o atual momento do clube. A seguir, a matéria na íntegra:

GAMA PAGA PELA FALTA DE PLANEJAMENTO

Por Felipe Linhares e Fábio Grando
em 27/Jul/2009 às 00:39

Foto: Ueslei Marcelino

“A diretoria do Gama não soube planejar e não sabe se entrosar”. A frase é de quem já sofreu para comandar o alviverde. Pedrinho Rocha chegou em maio deste ano e trabalhou exatos 30 dias no clube. O técnico contou ao Clube do Esporte os bastidores da Sociedade Esportiva do Gama. Segundo ele, a estrutura é de primeira, mas a estratégia fica a desejar.

O Gama fez quatro jogos sob o comando de Pedrinho, sendo dois empates (Aspirantes e Ituiutaba), uma vitória (Ceilandense) e uma derrota (América-MG). O ex-técnico do Gama reclama que, em menos de uma semana, houve três mudanças no planejamento. “Me contrataram para montarmos uma equipe para conseguir o acesso, mas quando cheguei me disseram que jogaríamos apenas com os aspirantes (jogadores da base). No dia em que convenci eles [a diretoria] de que não dava para ter um elenco, tivemos que correr para contratar”, relata.

Foto: Ueslei Marcelino
A lista de jogadores montada por Pedrinho Rocha quase não teve utilidade. As negociações com os atletas ideais nem chegaram a começar porque o salário que seria oferecido era considerado baixíssimo pelo treinador. “Esbarramos na questão financeira. Fomos atrás de quem estava livre e que poderíamos pagar”, revela. Um dos atletas indicados foi o atacante Testinha, do Rio Branco-AC. O jogador é o vice-artilheiro da Série C, com seis gols.

Com 11 dias à frente da equipe, Pedrinho Rocha contava com 38 jogadores no elenco, entre eles, quatro goleiros, oito volantes, seis atacantes e dez meias. Ele queria trabalhar com 25 atletas. “É difícil trabalhar no Gama. Os diretores não se entendem e o profissional não sabe qual linha de planejamento deve seguir”, desabafa. “Indiquei alguns que vieram e depois fomos contratando atletas por vídeos em DVD”.

A equipe que foi montada às pressas era considerada regular por Pedrinho Rocha. "Não era a ideal, mas dava para brigarmos por alguma coisa boa. Mas eu precisava de um tempo que não tive". Pedrinho afirma não ter mágoa por causa da demissão, mas diz que foi precipitada“.

O ex-técnico do Periquito disse que percebeu antes da estreia na Série C que seria demitido. Para Pedrinho Rocha, que está sem clube, o Gama paga pela falta de entrosamento da diretoria.


Foto: Ueslei Marcelino

O Gama é igual a todos os clubes que tentam se reerguer. A diferença é que são três mandatários. O presidente, Paulo Goyaz, e o gerente de futebol, Flávio Raupp, são os cartolas oficiais, mas nos bastidores Wagner Marques – ex-presidente do Clube – continua atuando. Pedrinho Rocha é categórico e diz que acima de Paulo Goyaz está o “ex” mandatário. "Primeiro vem o Wagner, depois o Paulo Goyaz e por último Flávio Raupp".

Apesar do excesso de "caciques", Pedrinho garante que eles não influenciam na escalação do time. “Eles nunca me disseram escala esse ou aquele. Mas sabemos que cada um tem uma preferência”, lembra.