sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Uma grata surpresa

Autor: Marcelo | sexta-feira, 26 de novembro de 2010 | Categoria: |


A equipe Juvenil do Gama sob o comando do técnico Enock Lopes entrará em campo neste domingo para lutar pela conquista do título candango da categoria. O adversário será o DF FC que na verdade é a equipe sub-16 do alviverde. Criado com outro nome para manter o grupo em atividade e chegar com entrosamento para a disputa da SC Cup, nem o mais otimista torcedor imaginaria que o DF tivesse condições de chegar à final.

O responsável por isso foi o técnico Gabriel Oliveira, trazido pelos coordenadores das divisões de base Pedro e Ribamar. Ex-diretor da torcida Inferno Verde, e com um currículo pequeno se comparado ao de outros profissionais outros profissionais, Gabriel que é sobrinho de Weber Magalhães (atual vice-presidente da CBF no Centro-Oeste) fez uma campanha surpreendente e com um elenco praticamente sem estrelas conseguiu conduzir o DF FC à final do campeonato.

O BLOGAMA teve a honra de entrevistar o treinador que após a decisão de domingo já entrará em concentração para a SC CUP que começa no dia 02 de dezembro. No papo o técnico afirmou ser sobrinho de Weber Magalhães, fala da relação com técnico do Gama Enock Lopes e com muita sensatez criticou a cartolagem do Futebol de Brasília. Confiram como foi a conversa:

BLOGAMA: Gabriel, antes de mais nada gostaríamos de te dar os parabéns por ter conduzido esta equipe do DF FC à decisão que com certeza foi muito importante para você e para a FUNFA, não é?

GABRIEL: Graças a Deus, foi bom pra caramba porque a gente pegou alguns meninos que não estavam aproveitados e de seriam até dispensados. O 93 tinha por volta de 20 jogadores, o 94 mais vinte. Não ia fazer uma temporada com 40, não é?

BLOGAMA: Sim, e com certeza você foi uma grata surpresa já que entre tantos clubes que participaram da competição você conseguiu assim como o Enock levar o seu time para a final com tantos profissionais e mesmo assim você conseguiu se destacar neste cenário. Conta pra gente como foi sua carreira.

GABRIEL: A minha carreira por enquanto é curta, pequenininha. Eu comecei no futebol na verdade no ano passado. Há dois anos atrás eu fiz um curso de treinador pela Federação Brasiliense. Eu sempre estive presente no futebol de Brasília já que o meu tio é o Weber(Magalhães). Então eu sempre estive presente no futebol, ia com meu tio buscar ingressos para assistir jogos, sempre estive ali nos bastidores vibrando, sempre participei ali nos bastidores. Sempre tive o Weber como um ícone por ter chegado aonde chegou, sempre respeitando ele com o tio, mas nunca imaginando que um dia fosse trabalhar com futebol. Todos com quem eu conversava me falavam: "Cara, você entende de futebol, porque você não vai ser jornalista ou outra coisa no ramo?". Aí eu dizia que eu não sou muito bom em português, não daria muito certo como jornalista. Aí pintou o curso na Federação e então resolvi fazer o curso de treinador. Assim, sem esperar muito, mas gostei do assunto. Não aprendi tudo dentro das quatro linhas, mas aprendi o essencial. Você dentro da sala de aula não aprende o que acontece no dia-a-dia. Aí eu tinha um amigo meu que trabalhava no Guaraense (Fernando). Aí eu disse: "Fernando, você não poderia me ajudar a conseguir uma vaga como auxiliar técnico?". Era perto da minha casa, já que eu moro no Guará, né? Eu fui sem ganhar nada aí o Beto que era o treinado de lá me deu oportunidade de treinar equipes menores, mas nada de treinador, fui como professor. Quando chegou o Campeonato Candango do ano passado, sabe, eu sempre fui muito de estudar, assisto jogos todo dia, coloco prancheta nos jogos, gosto muito de fazer isso. Então fui auxiliar dele, mas fora de campo, ele pedia minha opinião. Fui técnico da equipe mirim, mas não tinha como exigir a parte tática dos meninos. A gente acabou sendo campeão e foi aí que surgiu a oportunidade de ir para o Gama. No Guaraense eu conheci o Pedro, aí eu pedia pra ele: "Pedro, me leva para o Gama". Porque desde 1999 eu sou torcedor do Gama, fui da Inferno Verde, fui diretor da Inferno Verde até 2006. Eu sou torcedor do gama e acompanhei o Gama em tudo, fui à São Januário, Pacaembu, Arena da Baixada, fui em tudo quanto é lugar por este time. Eu sempre gostei muito do Gama então nada melhor pra mim do que fazer carreira no Gama. Mas nunca pensei em ser treinador, pensei em chegar lá e aprender. Chegando lá eu fui estagiar com o Enock nos juniores deste ano. Acompanhei depois o Geovane e depois que acabou o campeonato o Pedro e o Ribamar tiveram a idéia de montar uma equipe para aproveitar os meninos 94 já preparando o time para o ano que vem.

BLOGAMA: Pois então, chegou o Betinho com os meninos e disse: "Vai lá e treina eles". Como foi o início do trabalho?
GABRIEL: Ele não falou assim, foi mais idéia do Ribamar e do Pedro. Ele disse: "Nós vamos para Catalão e lá é por idade. Só 92, só 93, só 94 e só 95. No 95 tinha o treinador que era o Batata, 93 era o Geovane e 92 era o Enock e estamos precisando de um treinador para o 94. Perguntei para o Pedro se você tinha capacidade e ele me disse que tinha certeza que era um menino estudioso e tudo mais". O 94 era o mesmo grupo que tinha ido disputar a Copa da Amizade no Rio de Janeiro representando a seleção de Brasília. Eram meninos daqui, do CFZ e do Brasília. E eu tinha sido convidado para ser roupeiro e eu disse: "Eu vou". Então automaticamente eu conheci os meninos lá, entendeu? O Ribamar então conversou comigo para comandar este time só em Catalão e minha missão era só passar de fase. Eu falei a ele que a gente iria ser campeão lá e seríamos campeões de Brasília. Fomos para Catalão, fizemos aquela campanha de sete jogos invictos (o Gama foi campeão na categoria), melhor campanha, goleiro menos vazado, artilheiro da competição. Quando voltamos o Betinho me perguntou: "Estou montando outra equipe que vai ser o DF FC e você vai comandar. Algum problema?". Aí eu falei: "Não, bota a equipe que a gente vai ser campeão", sempre falei isso. Até falei pro Enock que não iria fazer outro curso no Rio de Janeiro porque estaria na final do Campeonato e não iria faltar. E hoje a gente está na final.

BLOGAMA: Aí você foi levando e passando de fase. Quando foi que você sentiu que tinha condições de ir para a final? Afinal de contas a proposta era de fazer uma campanha razoável para manter os meninos em atividade para a SC CUP, não é?
GABRIEL: Sim, a proposta era de manter uma base para o próximo técnico no ano que vem. Só que na campanha em Catalão o grupo se focou muito em busca do objetivo, tanto que o Betinho afirmou que é o grupo mais unido, eles mesmos se juntaram. Desde o começo eu coloquei pra eles que a gente tinha que mostrar resultados para conseguir mais investimentos lá de Catalão e assim ajudar os 93. Isso aí fez eles se focarem pra caramba e foi muito bom. Você veja que nós temos jogadores muito interessantes como o Lucas, o Baiano zagueiro é um ótimo jogador, O Jota... Acho que o que ajudou foi o fato de eu ser jovem e falar a língua deles. Eu não converso com eles de pai pra filho e sim da mesma altura. O que eu mais cobro é a questão do posicionamento, quem marca quem.. Porque como eu não joguei profissionalmente, essa parte de como bater na bola não é muito comigo. Mas na parte tática, aí sim, eu estudo e entendo.

BLOGAMA: Eu acredito que você está em um momento crucial: você chegou na final mas vai disputar o título contra a equipe do Gama. O que você pretende fazer? Vai dar preferência para o Gama ou vai lutar pelo título? Afinal de contas é uma conquista importante. Como está a cabeça dos seus jogadores?
GABRIEL: Rapaz, a gente falar é até suspeito. A gente vai pra guerra pra ganhar o título. Isto aí desde o primeiro dia começaram a citar isso. Na fase passada quando a gente se encontrou na mesma chave, surgiram uns comentários "ah, o Betinho vai pedir pra vocês entregarem" etc e tal não fizemos, imagine em uma final? Porque para o Gama é mais um título, mas pra esse time 94 é diferente, vai fazer história. Por que, vai fazer história, porque foi o único time totalmente 94 que enfrentou 27 clubes 93 e só falta o Gama. Então é o diferencial, pode ser que no futuro durante a carreira profissional deles eles se lembrem que eles não eram um time formado, tinham jogadores abaixo da idade de todos os outros e foram campeões. Então vamos pra dentro do Gama. Mesmo o Gama sendo o projeto, para os dirigentes e para a torcida o título tinha que ser do Gama. Para a diretoria da FUNFA, os coordenadores, roupeiros e auxiliares, o Gama já é campeão e vice. Para mim e o Enock é diferente. Porque seu vou lá e perco a decisão, eu vou ser vice campeão já o Betinho vai ser campeão em 2010. O time do Gama é o favorito, tem a melhor campanha, só perdeu uma partida... Mas a força do meu time é a força do grupo. Essas são as armas que nós vamos utilizar na decisão depois de amanhã.

BLOGAMA: E como é a sua relação com o Enock? Vocês são amigos dentro e fora de campo ou é cada um por si?
GABRIEL: Bom, fora de campo nós temos uma amizade muito forte. Ele me deu a oportunidade de estagiar com ele. Com uns a gente aprende mais, com outros a gente aprende menos. Eu fiz estágio em outros clubes e com o Enock foi o que eu passei menos tempo. O Enock fora de campo é o técnico mais brincalhão que eu conheço. E ele é jovem então é mais fácil a gente ter uma amizade. Então fora do gramado a gente é amigo. Dentro do gramado aí já é mais complicado, nós temos idéias totalmente diferentes. Mas eu sempre consulto ele, ainda mais agora que nós vamos juntos para Santa Catarina, não é?

BLOGAMA: Gabriel, qual é a sua aspiração? Seguir a sua carreira de técnico, buscar o comando de um time profissional?
GABRIEL: Cara, vontade é de seguir carreira no futebol como meu tio. Minha formação é Administração e Marketing esportivo, mas agora que eu estou à beira do campo, a meta é seguir nesta carreira. Se ano que vem este time for o Juvenil, ou se tiver oportunidade de assumir os juniores, apesar de que acho que sou um pouco novo para esta função, se bobear eu sou o mais novo da competição. Isso mostra que novinho eu tô começando certo, né? Só que eu tenho metas, em 2015 eu quero ser técnico da seleção brasileira de categoria de base. Do mesmo jeito que eu coloquei a meta de chegar ao Gama e ser campeão, tem que colocar esta meta e lutar pra cumpri-la. Depois dela a gente passa pra outra e assim por diante. Se Deus quiser em cinco anos eu não quero mais dirigir times daqui de Brasília. Não é discriminando assim, mas é buscar crescimento nacional assim a gente vai ganhando experiência, fazer estágio com treinadores consagrados e assim você vai ganhando mercado e nome. É o que eu sempre falo, futebol é resultado. Eu posso ser o pior treinador, mas se eu tiver resultados, eu terei sempre mercado.

BLOGAMA: Agora eu queria saber a sua expectativa sobre a Copa SC e já pegar o Flamengo na primeira rodada. Você já joga o favoritismo pra o Flamengo, espera fazer uma boa campanha?
GABRIEL: Eu vou ser sincero, acho que a gente vai fazer um grande campeonato. Isto porque a gente está se preparando desde junho junto com o pessoal 93. Já o Flamengo eu não sei como foi a preparação dele, mas a gente vai representando o futebol de Brasília. Mas eu acho que com a força deste grupo, a força de vontade me faz acreditar que vamos fazer um grande campeonato. Um grupo onde tem três grandes equipes, o Flamengo, Santos e a gente é difícil, mas acredito que vamos fazer um grande campeonato. Duas vitórias lá já dão uma boa moral pra gente.

BLOGAMA: Gabriel, você que trabalha no futebol, tem um tio que é vice-presidente da CBF no centro oeste, como você explica o porquê do futebol de Brasília não crescer como em outros estados?
GABRIEL: Eu vou ser sincero: Eu acho que além do apoio financeiro que é muito importante, apoio de empresas e outras do ramo, acho que a classe de dirigentes de Brasília é um pouco fraca. Além dos dirigentes não terem conhecimento para estar na área de futebol, acho que não custava nada para os dirigentes de times de Brasília ir a algum time grande e aprender o tipo de modelo de gestão de lá e tentar aplicar aqui. E também tem a questão da torcida. Aqui em Brasília a gente tem um time só que tem torcida que é o Gama e a gente tem o Brasiliense que dependendo da fase a torcida vai lá e abraça o time. Os outros clubes daqui não tem torcida. Você vê que lá na capital os torcedores se rebelam contra o próprio clube. Aqui é diferente. Lá em Goiânia, por exemplo, o torcedor do Goiás é só do Goiás. Aqui em Brasília a gente tem muito torcedor que gosta do Gama, mas torce por outros clubes. E a Federação tinha que dar mais apoio também. A Federação tinha que procurar apoio seja político ou privado para poder repassar de alguma forma para os clubes. Se tiver mais dinheiro e mais gente qualificada à frente, vai melhorar o nível do campeonato. Melhorando o campeonato, melhora o nível de torcedores do campeonato. Melhorando o nível de torcedores no campeonato, chama mais atenção da mídia e melhora na questão do patrocínio porque a marca da camisa vai ter mais visibilidade. E o horário dos jogos faz muita diferença. Colocar jogo no domingo às quatro da tarde é a coisa mais feia que existe. O Gama tinha que colocar jogo ou no domingo de manhã, porque aí todo mundo iria assistir o jogo, voltar pra casa pra almoçar. Se colocar no sábado entre seis e oito horas da noite, a torcida vai lá acompanhar. Agora colocar o horário do jogo no mesmo horário da TV, qualquer torcedor do Flamengo não vai assistir jogo do Gama. Pode ter certeza, eu que já fiz parte da diretoria da Inferno Verde quando tinha jogo decisivo do Flamengo na mesma hora do jogo do Gama o número de torcedores caía pela metade. Então a torcida não vai deixar de assistir um Flamengo x Madureira na TV para assistir um Gama x Brasília no Bezerrão. Agora se você colocar num sábado, mas não adianta colocar só um. Tem que virar cultura, o pessoal sabendo que o Gama joga todo sábado às sete da noite que dá tempo do cara trabalhar e chegar, o torcedor vai acompanhar. Agora às quatro da tarde quebra as pernas do torcedor, só vai aquele que é torcedor mesmo, ainda mais na situação em que o Gama está.

Até o momento 1 comentários:

  1. aposto nesse cara vi uma preleçao no intervalo do jogo contra o santos pela sc cup e tenho certeza que em breve ele estara no comando do time profissional um abraço do torcedor que acompanhou o gamao na sc cup em joinville.


    neisampaiogama@hotmail.com


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