Mais um ingrediente chegou para apimentar a já questionada relação entre Wagner Marques e Paulo Goyaz. Hoje em matéria veiculada no jornal Folha Independente do Gama, o conselheiro Antônio Cândido de Moura, o Toninho, deu uma declaração bombástica ao repórter Allan Barbosa. A de que o CT do Gama cuja propriedade seria de Wagner Marques e Agrício Braga na verdade foi comprada com a renda dos jogos do Gama na série A.
Neste caso ficaria injustificado o repasse do arrendamento do SESC aos dois titulares, já que o pagamento é identificado como aluguel do CT à SEG. Mas não foi somente isso. Para Toninho, Wagner afastou todos os conselheiros e ex-presidentes do clube com intenção somente de explorar financeiramente o clube.
Veja agora alguns trechos da entrevista com Toninho Moura, que inclusive foi agraciado com uma medalha no amistoso comemorativo do título de 1979 mês passado:

ALLAN: Mas os anos que o Gama esteve na série A não foram suficientes para atrair empresas nacionais para investir no time?
TONINHO: O problema é que o Gama começou a se projetar na mídia não como um clube, mas com um dono. Porque veio o Wagner Marques e todo mundo se encheu de esperança de que o Gama iria dar um grande passo. A gente achava que o time ia virar um Internacional da vida, um São Paulo do vida, Palmeiras...Mas o homem veio no sentido de explorar comercialmente a Sociedade Esportiva do Gama. Colocou o dinheiro que ele achava que tinha que colocar e até hoje tira.

ALLAN: Qual era a referência que o Wagner Marques tinha à época para fazer conselheiros e sócios acreditarem que o time poderia alcançar este patamar?
TONINHO: Foi a promessa do profissionalismo, o que se tornou um ledo engano. Porque ele só veio para explorar a imagem do Gama, que estava bem na época. Todo mundo imaginou que ele vinha com esse objetivo: fazer da Sociedade Esportiva do Gama um clube grande. Com um Centro de Treinamento, um trabalho de base. E ele pegou desta forma, tanto que o time campeão de 92 veio das categorias de base do clube. Ele já pegou um time montado. Depois que essa base se esfacelou em termos de idade ou foi vendida, o clube se acabou como profissional. Hoje é um time de aluguel. Só vive de contrato com A ou B. O último foi o Jair Rabelo. Caiu com o Wagner alugando o time pro Jair Rabelo. Chegamos na situação de o time não ter caído para a série D por um milagre.

ALLAN: Quando é que você e outros conselheiros começaram a perceber que com Wagner Marques não havia mais condição?
TONINHO: Perceber nós percebemos há muito tempo. Você pega as atas e observa o Wagner Marques ser questionado sobre a construção do CT, imaginava-se que o CT pertencesse à SEG, que constava no patrimônio esportivo do Gama. Foi um ledo engano. A área do CT foi comprada com o dinheiro do jogo entre Gama e Flamengo. À época, o Dr. Júlio César que era o proprietário da área, recebeu o dinheiro que saiu direto da bilheteria para as mãos dele. Em nome de quem está hoje, eu também não sei. Em frente ao CT, o antigo clube da AAFIT foi comprado com um cheque da Sociedade Esportiva do Gama no valor de R$ 300 mil, eu vi a cópia do cheque, e o clube está em nome do Wagner Marques. Eu vi a cessão de direitos.

ALLAN: Mas não deu pra ver em nome de quem está o CT?
TONINHO: Não, assim como ninguém sabe para onde foi o dinheiro da venda do Warlei que saiu estampado os jornais no valor de 1,4 milhão.

ALLAN: Os conselheiros não têm acesso aos documentos contábeis do Gama?
TONINHO: Não, porque aquilo ali é uma caixa preta. O que eles publicaram no site não vale nada. Nós pegamos todas as atas, desde a fundação até a última agora. O que aconteceu é que ele (Wagner) ignorou todos os sócios beneméritos. Não pode ter mais de 200 sócios e estamos lá com 300 e tantos. Onde foram parar os remanescentes? Ninguém sabe endereço, tá tudo desatualizado. É uma bagunça generalizada, simplesmente de propósito. Porquê? Para dificultar. Eu pedi a relação dos sócios e apareceu gente que eu nunca vi na minha vida, gente com endereço até de Alexânia-GO. Dá-se título de sócio benemérito à lá vontê.

ALLAN: Não há meio legal para interferir na Sociedade Esportiva do Gama?
TONINHO: Com relação À última eleição nós já fizemos pelo direito de participar. Eles anteciparam uma coisa que era tradicional no dia 14 de novembro para outubro. Não era bem apresentar uma chapa de oposição que a gente queria. Nosso desejo era de que os conselheiros que gostam do Gama estivessem presentes em algumas funções do clube, como Conselho Fiscal, Deliberativo, para acompanhar o desenvolvimento interno na SEG. Nós entramos na justiça para suspender a eleição e infelizmente não conseguimos.

ALLAN: Os presidentes de clube colocam dinheiro sem pensar em retorno?
TONINHO: Eu pelo menos coloquei, o Oswando Lima colocou e tantos outros colocaram. E já conscientes de que não iam tirar mais. Mas em 1992 o Wagner e o Agrício vieram para a Sociedade Esportiva do Gama para colocar dinheiro e tirar. Consta na ata que o aluguel da sede social para o SESC era para pagar o Wagner e o Agrício e até hoje estão em aberto. E onde foi parar o dinheiro?

ALLAN: Dizem que o dinheiro era para pagar o aluguel do Ninho do Periquito.
TONINHO: Atualmente. Mas antes era para pagar a dívida do clube com eles. Um tinha um milhão e quatrocentos mil e outro tinha seiscentos mil. E o dinheiro do aluguel era para abater a dívida. Este dinheiro foi para onde? Para o futebol? Não consta em ata alguma isso. Agora você me pergunta se há um meio de questionar o Gama. Eu sou visto pelo pessoal da Sociedade Esportiva do Gama como persona non grata. Porque só eu falo do que acontece lá. Já pedi para que muitos associados viessem se cadastrar, mas vieram cinco pessoas. Precisávamos de mil, duas mil que sejam sócios da SEG. Por que existe o ladrão? Porque alguém facilita. Por que o Gama está nesta situação? Porque os sócios são inertes. Qual é o caminho? O Ministério Público. Mas uma andorinha só não faz verão.

ALLAN: Os torcedores também podem agir?
TONINHO: Todo mundo. Porque quem paga ingresso quer ver bom espetáculo. Ninguém vai ao estádio para ver o time perder. O que faz com que o futebol tenha verba para se manter é o torcedor. Porque se o torcedor lota o estádio, traz a mídia com ele, traz o patrocínio. Ninguém quer patrocinar ninguém com estádio vazio.